O Ministro De Artes
A PESSOA DO MINISTRO DE ARTES
“Estimem grandemente esta incumbência, em virtude da qual não são artistas e mestres da Arte, mas também ministros de Cristo Nosso Senhor e colaboradores no apostolado que exercem por manifestar, também pela conduta de vida, a dignidade neste mister” (Encíclica Musicae Sacrae, Pio XII).
Era noite fria. O sol havia se escondido para não ser testemunha da maior injustiça da história. A lua regava de estrelas o negrume do firmamento. Enquanto isso Pedro se escondia nas sombras do anonimato, esperando, teimoso, a sentença que no palácio do sumo sacerdote haveria de condenar seu mestre. Vencendo temores e arriscando sua vida, havia penetrado no pátio do Sinédrio que, sem arbítrio, havia determinado a conveniência da morte de um só homem para o bem de todo o povo. Enrolado em sua túnica, protegia-se, mais que do impiedoso frio da noite, de qualquer olhar que o delatasse. Seu rosto se iluminava ocasionalmente pela chama caprichosa de uma fogueira que refletia a angústia de sua alma. No exato momento em que o sumo sacerdote rasgava suas vestes sagradas e declarava Jesus de Nazaré réu de morte, a criada e os guardas do palácio descobriram Simão Pedro e o acusaram do crime capital: “Este também é discípulo de Jesus”. O que foi que delatou Pedro como discípulo de Jesus? Como se notou no pescador que ele seguia o pregador da Galiléia? Por que não se pôde ocultar na sombra, nem esconder sob o manto a doação incondicional ao Mestre de Nazaré? Há certas características, óbvias e visíveis, que identificam claramente um discípulo de Jesus.
Não se trata de símbolos superficiais, mas de uma personalidade bem definida que o torna inconfundível. O ministro de Artes deve estar marcado profundamente com estas características. Abordamos esta historia Bíblica por um motivo bem óbvio, antes de tocar, cantar, dançar ou ministrar qualquer tipo de Arte, o ministro de Artes deve ser um DÍSCIPULO DE JESUS. Antes de mais nada, o ministro deve ser batizado no Espírito Santo. Isto é, que ele tenha uma experiência pessoal de Deus, a ponto de deixar para trás o homem velho com suas obras, e revestir-se do homem novo. Esta experiência revela e confirma o chamado que recebeu em seu batismo sacramental, a experiência de Deus desperta uma vocação que gera uma missão que ocasiona um serviço. Eis porque um ministro de Artes não exerce um serviço visando status, sucesso, remuneração econômica como a maioria dos artistas. Em primeiro lugar, ele cresce em seu ministério como uma resposta à sua vocação batismal. Está consciente de que a idéia inicial não foi sua, mas de Deus.
Portanto, ser ministro de Artes é algo mais sério do que, vez ou outra, pegar um violão e “animar” um grupo ou uma liturgia. O ministro que responde um sim consciente ao chamado de Deus exerce seu ministério com o Maximo de zelo. Ele procura esmerar-se ao Maximo para poder melhor servir. Em primeiro lugar preocupa-se com sua conversão, esforça-se e busca a graça de Deus. Depois começa, por exemplo, a preocupar-se com o conhecimento teórico na área em que atua, procura instrumentos bons e afinados, cenário adequado para peça teatral, vestimentas apropriadas para dança, e outros.
Procura melhorar o som da igreja, o ambiente, participa de cursos e congressos sobre musica, teatro, dança. Antes de der um artista cristão, busca tornar-se um cristão artista, alimenta uma espiritualidade em torno do seu ministério. Tudo isso encontra motivação mais profunda “na voz Daquele que o chama”. O ministro renovado não diz: “Sei algumas técnicas, está bom, estou contente”. Ao contrário, ele se pergunta: “Deus estará contente com a forma como ministro a Arte na comunidade?”
O ministro torna-se um verdadeiro discípulo quando seu carisma é colocado à disposição dos desígnios de Deus. É o confidente da vontade divina. A palavra de Deus foi colocada em sua boca. Esta é a diferença entre o verdadeiro e o falso discípulo: o primeiro possui a palavra de Deus, o segundo não possui mais que seu próprio talento. É importante que cada ministro se pergunte: “QUE TIPO DE DISCÍPULO EU SOU? EM MINHA ARTE ECÔA A VOZ DE DEUS? POR MEIO DE MINHA ARTE A COMUNIDADE SENTE-SE MOTIVADA A ELOGIAR O AUTOR QUE AGE EM MIM?” O verdadeiro discípulo também se distingue pelo seu zelo ministerial. O melhor sempre é para Deus.
Quando dizemos que o ministro de Artes deve tornar-se discípulo, queremos deixar claro que ele deve ter as mesmas características do discípulo. A principal é que o discípulo é aquele que ouve a voz de seu mestre e a reconhece. João, o discípulo amado, é aquele que encosta a cabeça no peito de seu mestre e escuta o seu coração. Assim o ministro de Artes deve também recostar sua cabeça no coração de seu mestre e conhecer-lhe a vontade. Conhecer a vontade do seu mestre não só para dizer que a conhece, mas acima de tudo para realizá-la.
Assim como Samuel segue o conselho de Eli e responde: “FALA, QUE TEU SERVO ESCUTA” (1Sm 3,10), assim também o ministro de Artes precisa fazer. Posicionar-se como o servo que deseja conhecer a vontade de seu mestre para colocá-la em prática em sua própria vida. Ainda que haja domínio total de todas as técnicas, que os arranjos sejam perfeitos, que a execução de nossa Arte seja impecável, não há outro poder que penetre o coração da platéia e a converta senão o poder do Espírito Santo. Esse poder somente o servo reconhece porque o experimentou em sua vida.
Só podemos responder a Deus com perfeição em nosso ministério se conhecermos sua vontade com perfeição. Temos visto muitos ministros e ministérios que respondem parcialmente a seu chamado. Isto acontece porque ouvem a seu mestre parcialmente.
São Paulo aos Coríntios, em sua primeira carta, capítulo 15, diz: “E QUANDO TODAS AS COISAS LHE ESTVEREM SUBMETIDAS, ENTÃO TAMBÉM O FILHO SE SUBMETERÁ ÀQUELE QUE LHE SUBMETEU TODAS AS COISAS, PARA QUE SEJA TUDO EM TODOS”. Nosso ministério, além de estar submetido ao Filho do Homem, deve também colaborar para que Cristo ressuscitado seja tudo em todos.
“Quem é Jesus ressuscitado? Jesus ressuscitado é o Jesus que se torna pequeno até a morte, que se torna opaco até o escândalo, até tornar-se o desprezado dos desprezados; por isso Deus lhe dá a capacidade de tornar-se presença universal e particular para cada um e para todos”.
Abra seu coração e deixe Cristo ser o seu mestre, então poderás ver milagres através de seu ministério.